Saturday, December 17, 2011

labirinto


um labirinto pode ser uma única linha, reta invisível, que atravessa as ruínas de pedra e saliva. de menos infinito a mais infinito, passando por zero, por mim em jamais. o sinal passa, nebuloso, e faz corpo com nada, senão pó de incógnitas. dormes, desde a fonte que fala do Enigma, com o grande hematoma no peito do Presente. brilha uma dor intocável que aprofunda a paragem dos cavalos no vértice da catástrofe. explosão abrupta, umbilical, de sol.

diante do declive, os meus cavalos correm. diante do abismo, os meus cavalos aceleram, como tangentes do Futuro, e voam na plenitude da linha que transborda, de menos infinito a mais infinito, concentrando-me em zero. uma ideia de boca e de canto: uma vogal aberta apenas, um cântico mínimo, uma linha única que quebra o ciclo.

muitos cavalos nas veias. uma convergência de infinitos. muitos deuses em jogos de dados sobre a areia.

o meu interior é a superfície das ondas extremas, o recomeço de Acontecer.
uma incarnação de infinito no singular: uma pele sem princípio nem fim, sem círculo nem centro, um corpo recém-nascido no meu corpo.
a fonte fala em Enigma. o anjo fala em Sonho. sempre uma mulher espera um filho
como o Eterno. e o corpo do filho é o Singular fogo que derrete a densidade da tragédia e todo o teatro do Fim.

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