Thursday, December 29, 2011

O álcool puro de Perder-se


Perder e perder-se: tem álcool puro que desfaz os nós entre quase-nada e quase-nunca.

Um deus menor escreve-me coisas no sangue para se entender com um demónio recém-nascido: nessa escrita, injetam-me a memória dos pretéritos que não foram, as promessas quebradas, porque ninguém pode superar a catástrofe sem atravessar a catástrofe.

Há uma arte de perder e perder-se e repousar depois das montanhas recusarem o milagre.

Um outro deus menor lança montanhas no mar. lança-se. depois de beber um remoto grito de pássaro. e o rio segue para dentro do peito do nadador.

1 comment:

rasgos de ser said...

«Não há outro valor por que lutar senão pela liberdade de
inventar a esperança, aceitando a possibilidade do desastre (...).»
Teolinda Gersão in O silêncio, 1984, p.119