Saturday, August 4, 2012

hipóteses de fuga


Aqui, fissura verde, também.
por onde? por mim mesma. haverá outras hipóteses de fuga?
eu sei que há. era eu a fazer-me de ignorante... fuga contínua através do enlace no vapor onde os cavalos todos mergulham na mesma respiração.

na exaltação das angústias abissais, estudámos todos os animais que uivam. Por caminhos abruptos, primitivos, onde os abraços de-em-mim-de-em-ti fazem sangue.
na flutuação do silêncio, o último amor lambe as feridas

na sensação de indomável perda, a lua crescente começa pequena, aumenta, dissimina, até doer e apertar as coisas gigantescas dentro. sempre houve de-em-mim-de-em-ti-
sempre houve. agora há mais ou demais ou mais do que espaço e tempo. exatamente.
preenchimento absoluto de vazio. absoluto. absolutamente enchente, esvaziante.

tudo porque o Todo, o Uno, tem o flanco calcinado de poentes com infinitos tons de púrpura asfixiante.
Dizer ainda, que ainda há e haverá para lá de Não. a escrita sobre a pele, vigilante. a escrita que traz água e pão, ponderando a espessura da noite. alguém tem pulmões ainda, alguém tem boca ainda. Apesar de sermos impérios milenares de colapsos, que esgotam as línguas, as literaturas. apesar das elegias serem a trama íntima da carne. Amar é desfazer os nós da trama, soltar os fios, inventar o vento que começa o diálogo com as aves.
O jardim vibrátil é a leitura. Sofremos no texto, amamos como feras. Cai a tarde, vem a manhã, Sétimo dia, deus dorme, eu ardo no jardim, incendeio das raízes às copas.
Procuro a infância dos verbos vivos nas veias inflamadas de tudo. Vens?

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