Saturday, August 11, 2012

sentimento oceânico

 
na floresta de corais e algas, a Menina do Mar é o Mundo no seu Instante de fluxão curva de ser sobre ser. pesas menos de zero. somos aquém de sombra, a corrente fria que tende para além de luz. afundam-se as noites no singular júbilo.
no Indefinido se define a claridade. bebes-me vaga.

o teu Mistério me prende mais tenso, por acréscimo de Obscuro. infinito desnudar-se ondula novo, mais nunca, tendendo para mim sobre mim. o limite move sempre mais o princípio para o infinito. ser nua e longínqua infinita-se. fluxão curva que reflui ser sobre ser. sem choro nem riso. apenas concha. 

derramas-me desconexa e desnucleada sobre as correntes mais áridas e redondas do Interior. o Oceano é sem ângulo e sem superfície, somente um coração ainda ignorante de si próprio, no Extremo de uma fala tocante. donde o Desejo deseja a potência Desejante. sem choro nem riso, transbordo de ferida e de fascínio, pela vertente do futuro.

a Menina inclina a paixão sobre o abandono e a memória de um canto maternal. as fúrias do princípio sem memória desfazem a força. sinto-me incapaz de uma travessia pelo fundo. uma apneia que impele para absolutamente Todo-o-possível.
ainda desconhecemos a Forma interior de sentir uma exalação ilimitada que comunica o símbolo carente, sem conceito nem imagem. 

o Desejo sem objeto é a força indeterminável em nós de Todo-o-possível. ímpeto que faz sangrar nada em Tudo, somos absolutamente. vibração somente e melodia átona de corpo refeito onda, fibra por fibra. o Desejo sabe-me, sabe-te, por dentro das correntes. engana nada, nunca, ninguém. faz e desfaz de súbito, a forma da verdade fulminante. 

se ardes em apneia, és um ato oceânico, no fundo. 

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