a voz semeia o segredo na penumbra.
as noites atingem a mulher quebrada.
ninguém, alguém, tu. nasces dolorosa.
sei que somos a ilha remota onde a memória é um delta fervente de rios verticais que desaguam em cinza de beijo sob a língua muda. sei que somos aqui sem abrigo as labaredas nas margens do espanto. colhemos auroras na carne aflita. inundamos a boca de serpentes e arco-íris. florescem espinhos. trememos a angústia de escurecer.
somos os animais todos buscando a órbita do alento, o sopro de fúria e ternura. aqui nos aquecemos com fricções sumárias contra as fontes primeiras.
não sabemos regressar. os mitos têm passagens que não queremos deglutir novamente. não quero recomeçar com os cavalos exaustos dos ciclos da paisagem. vamos adentro, sem recuar como a onda de flechas que ataca o coração com o cântico do mergulho mais fundo.
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