o dorso das aves
nasce
agora
debaixo da pedra onde os pés sobem até ao vértice da noite.
antes de ser angústia, rua estreita, onde o ventre ferido apaga o fogo com a boca, desfeita de Eterno.
tenebroso e tenro, cada amor tem seu degrau infinito.
o cavalo aquece no peito, revolve as brasas sob a pele,
onde.
a semente derrete o fundo, o ferro frio do fundo.
o silêncio pondera as mãos que atingem a cinza do beijo.
rezo por ti aos deuses que não há para recriarem o mundo que não houve aqui.
voas sem sombra de sede em sede, de fome em fome, de abismo em abismo...
colapsa o grande exílio em redor do longínquo florir.
se existisse, palpável, o teu ventre, a minha ponte para tocar o extremo.
derramas o teu grito quente sobre a minha ferida maior, primeira.
alto mar, alta noite.
o pranto no labirinto oculto, o pranto na órbita vazia, o pranto na raiz de agora.
não sei onde os canais húmidos da ausência atravessam
a montanha da alma, seus lagos, suas neves, seus arco-íris.
se fôssemos capazes, amantes capazes, essencialmente.
talvez a planície, em vez da vertigem.
talvez florescer, se fôssemos furiosamente sementes tacteando a ferida aberta.
no limite da carne.
ternuras e medos, numa vasta tempestade onde flutuamos
no flanco
da solidão
de um verbo
sem sombra.
foi.
o espanto respira as pedras.
todas as portas em mim respiram pedras.
encontro o vendaval no cântico Desejante de outros sóis mais delirantes.
Desejante é.
o animal do Extremo, todo voraz de fábula e metáfora.
cantar é preciso.
porque sim, morrer não pode.
sofrer de cantar Desejante.
dois ou três hemisférios por dia, quase sempre
no princípio, no rigor explosivo do princípio.
a essência de navegar.
ser o sangue das palavras densas.
amanhecer junto ao vulcão desta ilha futura que se aproxima
pelo lado da aflição, com bandos, cardumes, alcateias... as feras
da alegoria do Fim
as feras perseguem a rosa, a mulher.
persigo-me,
sou a mulher do poema Desejante.
não sei nada de quase tudo.
amo-te, neste diálogo com terra, na saliva, na lágrima, no suor de não cessar.
em segredo, devoram-se ferozes ruídos contra as alturas,
descobrem feridas do lado abismal de uivar.
tudo é triste no crepúsculo. é preciso cantar, porque sim, absolutamente, contra as pedras.
mergulhamos nos pássaros a boca de argila,
derrama-se o desencontro como ácido,
ardemos antes de mais nada.
se fôssemos chuvas no verão,
teriam garras as pupilas até morrer.
navegar a insónia é preciso,
como ninguém, sobre a jangada dos troncos amarrados de Novo,
desde o dia de argila.
atravessar a fala que não dorme,
de tanto não esquecer.
carícia,
no verso, no cabelo, na sílaba
mais dura
de cristal
com-porquê ou sem-porquê.
se a tua voz, teu hálito, quebra cristal.
talvez o cerne do tempo se desdobre nos confins.
nasce
agora
debaixo da pedra onde os pés sobem até ao vértice da noite.
antes de ser angústia, rua estreita, onde o ventre ferido apaga o fogo com a boca, desfeita de Eterno.
tenebroso e tenro, cada amor tem seu degrau infinito.
o cavalo aquece no peito, revolve as brasas sob a pele,
onde.
a semente derrete o fundo, o ferro frio do fundo.
o silêncio pondera as mãos que atingem a cinza do beijo.
rezo por ti aos deuses que não há para recriarem o mundo que não houve aqui.
voas sem sombra de sede em sede, de fome em fome, de abismo em abismo...
colapsa o grande exílio em redor do longínquo florir.
se existisse, palpável, o teu ventre, a minha ponte para tocar o extremo.
derramas o teu grito quente sobre a minha ferida maior, primeira.
alto mar, alta noite.
o pranto no labirinto oculto, o pranto na órbita vazia, o pranto na raiz de agora.
não sei onde os canais húmidos da ausência atravessam
a montanha da alma, seus lagos, suas neves, seus arco-íris.
se fôssemos capazes, amantes capazes, essencialmente.
talvez a planície, em vez da vertigem.
talvez florescer, se fôssemos furiosamente sementes tacteando a ferida aberta.
no limite da carne.
ternuras e medos, numa vasta tempestade onde flutuamos
no flanco
da solidão
de um verbo
sem sombra.
foi.
o espanto respira as pedras.
todas as portas em mim respiram pedras.
encontro o vendaval no cântico Desejante de outros sóis mais delirantes.
Desejante é.
o animal do Extremo, todo voraz de fábula e metáfora.
cantar é preciso.
porque sim, morrer não pode.
sofrer de cantar Desejante.
dois ou três hemisférios por dia, quase sempre
no princípio, no rigor explosivo do princípio.
a essência de navegar.
ser o sangue das palavras densas.
amanhecer junto ao vulcão desta ilha futura que se aproxima
pelo lado da aflição, com bandos, cardumes, alcateias... as feras
da alegoria do Fim
as feras perseguem a rosa, a mulher.
persigo-me,
sou a mulher do poema Desejante.
não sei nada de quase tudo.
amo-te, neste diálogo com terra, na saliva, na lágrima, no suor de não cessar.
em segredo, devoram-se ferozes ruídos contra as alturas,
descobrem feridas do lado abismal de uivar.
tudo é triste no crepúsculo. é preciso cantar, porque sim, absolutamente, contra as pedras.
mergulhamos nos pássaros a boca de argila,
derrama-se o desencontro como ácido,
ardemos antes de mais nada.
se fôssemos chuvas no verão,
teriam garras as pupilas até morrer.
navegar a insónia é preciso,
como ninguém, sobre a jangada dos troncos amarrados de Novo,
desde o dia de argila.
atravessar a fala que não dorme,
de tanto não esquecer.
carícia,
no verso, no cabelo, na sílaba
mais dura
de cristal
com-porquê ou sem-porquê.
se a tua voz, teu hálito, quebra cristal.
talvez o cerne do tempo se desdobre nos confins.
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